quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Era uma casa muito engraçada

"Já morei em tanta casa que nem me lembro mais..."

Nesse ano já morei em três casas, em lugares distintos, a última em que me instalei eu não a amo, estou localizada no endereço todas as noites, exceto final de semana, mas não moro lá, não sinto minha casa. O meu eu não faz moradia lá, apesar de gostar e ter necessidade de rotina, não está adiantando muito programar os meus passeios pela casa e minhas atitudes calculadas de subir escadas, apagar luz do corredor, abrir e fechar a porta, colocar a bolsa em cima da cama, tirar a roupa, ir para o banho, fazer algo pra comer e depois desabar na cama. Nada disso tem surtido efeito. Não me sinto à vontade na minha própria casa, falta algo, falta alguém, faltam risadas, faltam conversas, falta tanta coisa... 

Acordo no meio da noite, ainda não é hora de levantar... Acordo cedo pela manhã ainda não é hora do despertador tocar...

Preciso de escuro pra dormir e silêncio, nada disso existe lá. Estou cansada de ir pra casa, quero ir pra outro lugar, um lugar meu, aquele de antes. E as lembranças das minhas outras residências me assombram, eu gostava delas, do que elas representavam pra mim, das visitas dos meus amigos, da ligações dizendo "Tô passando aí". 

Minha cama de casal, tão imensa pra o meu corpo tão pequeno. Me agarro aos travesseiros e edredons, olho pro teto, reflito, fico louca, ás vezes, deliro. Estou ali, mas distante de tudo que me diz estar presente, viajo no passado e me teleporto pra um paraíso imaginário. Só assim alcanço o cansaço da minha mente, consigo dormir e começar tudo novamente, como se isso fosse algo bom, o que não é.

Sabe o que eu queria, gargalhadas pela casa, cheiro de comida pra dois, brigas pelo controle remoto, discussões infantis sobre time de futebol, dormir em um dos cantos da cama, não quero mais ser o centro, quero ser metade, a sua metade. Quero pernas repousadas no meu quadril, roncos de cansaço, abraços de frio, esquentar meus pés nos teus e sentir arrepio, quero carinho e carícias ao longo da noite... Quero tudo e quero logo.


Aquela casa não meu cabe, não me acolhe. Tem chão, mas não sinto meus pés firmes. Tem teto, mas parece vão. Tem cômodos, mas são incômodos. Tem vizinhos, mas é só solidão. Tem tudo o que eu não preciso e tem nada que eu quero. 


"E o medo era motivo de choro, desculpa pra um abraço ou um consolo"

6 comentários:

  1. É estranho estar no lugar e sentir todo esse vazio, esses espaços em aberto. É horrível estar em um lugar que se diz seu, mas que não te faz sentir que pertence a ele. E o pior de tudo é o silêncio e as vontades que parecem nunca se cumprir. Parabéns pelo texto, lindo e triste e muito bem escrito. :D

    www.eraoutravezamor.blogspot.com

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    1. É, o pior de tudo é o silêncio. Ele grita todas as noites. Obrigada pelos elogios. Beijo grande.

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  2. Jurubis... Imagino como seja... Mas sempre é bom ficar sozinha para pensar melhor nas coisas... Mas ficar só o tempo todo sentindo dentro da gente essa solidão tb não é legal...
    Espero que o mais breve possível isso seja preenchido. Com amor, presença, carinho... Pq amizade, vc tem a minha e de um monte de gente que te adora.
    Sou sua fã! Bjosssssss

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    1. E que bom contar com os amigos. Não mereço todo esse carinho, mas ainda assim o quero. Uma beijoca da Jurubis. <3

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  3. Lulinda e querida, que coisa mais linda e melancólica esse texto. Eu te senti e adoraria preencher esse vazio com noites de filmes com pipoca e brigadeiro. Com papos até amanhecer. Com jogos de cartas e tabuleiros. Com fofocas, sorrisos e abraços. Mas sei que esse vazio a ser preenchido, pertence a outro tipo de companhia. E eu entendo. "[...]Tem cômodos, mas são incômodos" <~~~~ Talvez pelo barulho que o silêncio faz e pela falta de quem não está ali. Sua linda, tudo irá mudar. Todo esse vazio será preenchido, você verá.
    Saudade minha pequena. Cuida-te ;*

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    1. Espero que sim minha pequena, que saudades de você passeando por aqui, beijos <3

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